Refluxo x Alimentos ácidos
Mãe sofre
quando o filho não come, e ainda mais, no sentido literal da frase, quando não
come porque não pode.
Lá
no Medidas Dietéticas para tratamento do Refluxo (RGE), tem uma pequena
lista do que não deve ser consumido por pessoas com problemas gástricos e
digestivos, não apenas crianças.
Para muitas
pessoas isso sempre foi meio óbvio, complicações gastrointestinais são
causadas principalmente pelo que se ingere, não é? Mas sempre tem quem precise
de evidências cientificas para entender a mensagem mais plenamente.
A
Dra. Jamie Koufman, professora especialista em otorrinolaringologia de
Nova Iorque pensa o mesmo. E, por isso, á partir daí escreveu inúmeros
estudos sobre o assunto.
O destaque,
agora, são os resultados da sua última pesquisa, sobre a oferta de alimentos de
baixa acidez para refluxo (benefícios e implicações).
“Os
sintomas em 19 dos 20 indivíduos (95%) pesquisados melhoraram, e três
participantes tornaram-se completamente assintomáticos.”
(In
Estudo sobre refluxo gastroesofágico e consumo de alimentos acidificantes)
Muitos alimentos e outras
substâncias estimulam a produção de ácido clorídrico e pepsina pelo
estômago. Isso quer dizer que tornam nosso organismo ácido (ou mais ácido). São
o que se chama de “alimentos acidificantes”.
Muito tempo
sem comer, ou o consumo de produtos industrializados contendo
aditivos químicos, também podem ocasionar em acidificação gástrica.
E as
consequências vão desde vômitos constantes a diarreia, gazes, cólicas
abdominais, flatulência, regurgitamento ou “refluxo”.
Se houver
RGE (refluxo gastroesofágico), devido a alteração na válvula que separa esôfago
e estômago, a acidez acaba por acelerar processos como a esofagite de refluxo.
É tudo junto e misturado!
Durante o
processo de digestão dos alimentos ocorrem inúmeras reações e sínteses de
substâncias produzidas pelo nosso próprio organismo.
O suco
gástrico é formado por água, enzimas, ácido clorídrico e
outras substâncias secretadas pelas mucosas do estômago.
A pepsina é
uma delas, e atua em conjunto com o ácido clorídrico na quebra de proteínas
obtidas pela alimentação.
O consumo de alimentos ácidos provoca aumento na
produção e excreção desses sucos. Como consequência, os alimentos ingeridos
“sobem” até o esôfago (órgão que vai da boca ao estômago), causando queimação,
azia, dores, aspiração dessas secreções para os pulmões e possíveis lesões nas
mucosas dos órgãos de passagem.
A acidez dos
alimentos também pode acarretar em desmineralização óssea.
A SECREÇÃO DE HCl (ácido cloridrício)
E PEPSINOGÊNIO PELO ESTÔMAGO
Dr.
Pedro Silva, professor da Universidade
Fernando Pessoa
Ocorre em três
fases distintas:
Fase
cefálica (responsável por cerca de 1/5 da secreção)
Ainda antes de o alimento chegar ao estômago,
estímulos psicológicos (a expectativa da refeição, o seu aroma, aspecto e
textura) iniciam a secreção gástrica.
Fase
gástrica.
A
presença de alimentos parcialmente digeridos
(principalmente peptídeos e aminoácidos), no estômago, promove a
secreção de gastrina. Essa hormona peptídica atua sobre o estômago,
estimulando a secreção. Histamina e acetilcolina também estimulam a
secreção de gastrina.
Cada um destes três fatores
exerce efeitos potenciadores sobre a atuação dos outros, e por isso o efeito total
é bastante superior à simples adição dos efeitos individuais.Por este motivo, o
bloqueio da ação de um destes fatores provoca marcada diminuição da secreção
total.
A gastrina tem outros efeitos:
provoca a descarga de parte do conteúdo estomacal para o duodeno.
Fase entérica (responsável por cerca de 1/10 da secreção):A chegada de quimo ao duodeno provoca diminuição do
seu pH.
Diminuição de pH = aumento da
acidez
Este
aumento de acidez estimula a produção de secretina, que provoca
diminuição da motilidade gastrointestinal.
Isso faz com que pare a
transferência do conteúdo estomacal para o duodeno, e impede que o estômago
esvazie de forma demasiado rápida.
A secretina vai também atuar
sobre glândulas do estômago, inibindo a secreção de mais ácido.
O duodeno produz alguma gastrina,
que ao atuar sobre o estômago, induz alguma secreção de HCl e pepsinogenio
também.
A secretina atua também sobre o
pâncreas, estimulando-o a secretar bicarbonato. Este neutraliza o ácido
clorídrico proveniente do estômago, de forma a que o pH no duodeno aumente para
os valores ótimos para as enzimas pancreáticas.
Estas
enzimas (proteases, lipases, amilase pancreática) são secretadas pelo pâncreas
em resposta à colecistocinina (CCK), uma hormona peptídica produzida
pelo duodeno quando lá existem ácidos gordos (provenientes dos alimentos).
Por isso, é necessário fazer com que o ácido
estomacal pare de aumentar além do necessário, e invadir o esôfago, com o
auxilio de medicamentos, e de alimentos que diminuam sua produção.
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