Os riscos do atraso no diagnóstico de problemas de fala
A fala é uma característica que difere os seres humanos. Qualquer problema relacionado a ela pode dificultar a comunicação e, com o tempo, abalar o emocional da criança e adulto. Portanto, o encaminhamento para o fonoaudiólogo deve ser o mais precoce possível. Mas um grande erro tem ocorrido e trazido prejuízo ao desenvolvimento do pequeno.
A
maior parte dos pediatras não encaminha a criança com alteração no
desenvolvimento de linguagem no período adequado. Essa é a conclusão do estudo
da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP – e
publicada na Revista CEFAC (Atualização Científica em Fonoaudiologia e
Educação).
Sabe
quais riscos quando os pais demoram a levar os filhos para um diagnóstico
preciso? Vejamos. Metade das crianças com um atraso na fala aos 24-30 meses
pode apresentar atraso severo entre 3 e 4 anos. Além disso, um distúrbio de
aprendizagem pode ser verificado posteriormente no ingresso na escola.
Um
atraso no desenvolvimento da fala pode causar mais tarde uma dificuldade no
convívio com outras crianças na escolinha, sendo alvo de constrangimentos, já
que é percebida pela sua dificuldade. Isso pode gerar apelidos que podem
permanecer por muito tempo, gerando prejuízos emocionais até a idade adulta.
A
comunicação, isto é, a fala, permite uma maior liberdade, onde a criança
planeja e oriente suas ações, expressa seus sentimentos, diminuindo assim sua
impulsividade e agressividade.
Os
casos mais sérios de alteração de fala principalmente com dificuldade de
interação ou patologia mais grave são detectados e encaminhados mais
precocemente. Já os distúrbios mais simples e comuns, como um atraso do
desenvolvimento da fala ou distúrbio fonológico (omissão ou trocas de fonemas),
têm sido encaminhados com três anos ou mais, tornando a terapia mais demorada.
Os
erros - Os médicos têm a preocupação com a idade em que a criança começa a
falar, mas, normalmente, só encaminham quando os pais ou a escola fazem queixa
sobre o desenvolvimento da comunicação dos pequenos. E a criança, coitada,
sofrerá para lidar com um obstáculo que poderia ter sido detectado com
antecedência ou por profissional específico para o assunto.
Um
dos motivos para que ocorra atraso na descoberta do problema é a formação dos
profissionais médicos, que relataram ao estudo da USP não ter nada específico
que abordasse o tema linguagem infantil. Recado para mamãe e papai: saibam
diferenciar os profissionais. Um fonoaudiólogo é o mais indicado a conferir o
problema de fala.
“Mesmo
entre os pediatras mais experientes, é comum que a consulta tenha como objetivo
a doença e não a preocupação com questões básicas do desenvolvimento da
criança, como a fala, que podem ser tão prejudiciais quanto qualquer outro
problema de saúde", relata Luciana Paula Maximino, uma das autoras do
trabalho e professora do Departamento de Fonoaudiologia.
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